Diagnóstico e Avaliação da Epicondilite Medial e Lateral

A epicondilite lateral e medial, também conhecidas como cotovelo de tenista e cotovelo de golfista respectivamente, são condições que afetam a região do cotovelo e podem causar desconforto e limitações funcionais. Sua causa se deve a sobrecarga nos tendões que se inserem nos epicôndilos do úmero, manifestando-se através de dor, fraqueza e sensibilidade à palpação. Ambas as condições são comuns em pessoas que praticam esportes que exigem movimentos repetitivos do antebraço e do punho, como golfe, tênis, remo e até mesmo digitação. Em vista disso, vamos explorar os sinais e sintomas característicos da epicondilite, as estratégias utilizadas pelos fisioterapeutas para diagnosticar e avaliar, como também, as condutas terapêuticas mais eficazes para aliviar a dor, promover a recuperação e prevenir recorrências.

Epicondilite Lateral (Cotovelo de Tenista)

A epicondilite lateral é mais comumente conhecida como “cotovelo de tenista”, embora não se limite apenas a jogadores de tênis. Essa condição envolve a inflamação dos tendões dos músculos extensores do punho e dos dedos, que se originam no epicôndilo lateral do úmero. Os sintomas incluem dor na parte externa do cotovelo, sensibilidade ao toque na área afetada, dificuldade em segurar objetos ou realizar movimentos de torção do antebraço e fraqueza na preensão palmar. O teste de “Cozen” pode ser feito para diagnosticar a epicondilite lateral.

Epicondilite Medial (Cotovelo de Golfista)

A epicondilite medial é frequentemente chamada de “cotovelo de golfista”. Frequentemente afeta os pronadores e tendões dos músculos flexores do punho e dos dedos, que se inserem no epicôndilo medial do úmero. Os sintomas envolvem dor na parte interna do cotovelo, sensibilidade ao toque, dificuldade em realizar a preensão palmar e fraqueza muscular. O “Teste do cotovelo de golfista” pode ser feito para avaliar a epicondilite medial.

Fatores de Risco

Existe alguns fatores de risco que podem aumentar a probabilidade de desenvolvimento da epicondilite, como:

  • Movimentos repetitivos: Praticar esportes ou atividades que exigem movimentos repetitivos do antebraço e do pulso. Atividades repetitivas que envolvem movimentos de torção ou flexão do punho e da mão podem aumentar o risco de epicondilite. Isso inclui as que fazem o uso frequente de ferramentas manuais, prática de esportes de raquete, como tênis e golfe, e atividades profissionais que exigem movimentos repetitivos do braço.
  • Falta de flexibilidade e força muscular: Músculos fracos no antebraço e na região do cotovelo não oferecem o suporte adequado durante atividades físicas ou tarefas diárias, aumentando a tensão nos tendões e predispondo à lesão. Músculos fracos e rígidos podem aumentar o risco de epicondilite.
  • Postura e ergonomia: Postura inadequada pode colocar estresse nos tendões do cotovelo. Por exemplo, uma postura de trabalho prolongada com o cotovelo flexionado ou estendido em uma posição não natural pode colocar estresse adicional nos tendões do cotovelo
  • Sobrecarga muscular: A sobrecarga muscular, resultante de atividades físicas intensas ou mal executadas, pode colocar pressão excessiva nos tendões do cotovelo, predispondo-os a lesões e inflamação. Levantar objetos pesados de maneira incorreta ou sem o devido suporte também pode contribuir para o desenvolvimento da epicondilite.
  • Idade e gênero: Embora possa afetar pessoas de todas as idades e gêneros, estudos indicam que ela é mais comum em adultos entre 30 e 50 anos. Além disso, a condição tende a ser mais prevalente em homens do que em mulheres, especialmente em casos de epicondilite lateral (cotovelo de tenista).
  • Outras condições: Doenças como diabetes e artrite reumatoide podem aumentar o risco de epicondilite.

Condutas Fisioterapêuticas no Tratamento da Epicondilite

Algumas das condutas fisioterapêuticas utilizadas no tratamento da epicondilite incluem:

1. Educação e Orientação do paciente:

  • A educação do paciente sobre a condição é importante para o sucesso do tratamento. Em outras palavras, explicar a causa da epicondilite, como movimentos repetitivos ou posturas inadequadas, ajuda o paciente a entender os fatores desencadeantes e a modificar suas atividades diárias para evitar a sobrecarga.
  • Orientações sobre autocuidado, incluindo uso adequado de órteses, aplicação de gelo após atividades dolorosas, e adoção de posturas ergonômicas durante as atividades laborais e esportivas, devem ser fornecidas para controlar os sintomas.

2. Controle da Dor:

  • Métodos de controle da dor incluem aplicação de gelo na região dolorida para reduzir a inflamação e aliviar a dor, uso de medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) prescritos pelo médico, e uso de órteses específicas para estabilização do cotovelo.

3. Exercícios Terapêuticos:

  • Exercícios terapêuticos desempenham um papel importante na reabilitação da epicondilite. Exercícios de fortalecimento e alongamento são prescritos para fortalecer os músculos do antebraço e melhorar a flexibilidade dos tendões.
  • Exercícios de fortalecimento incluem flexão e extensão do punho com resistência leve, exercícios de supinação e pronação do antebraço, e exercícios de extensão do punho com halteres ou faixas de resistência.
  • Alongamentos focados nos músculos flexores e extensores do antebraço ajudam a melhorar a flexibilidade e reduzir a tensão nos tendões.

4. Terapia Manual:

  • A terapia manual é frequentemente utilizada para melhorar a mobilidade articular e reduzir a tensão muscular na região do cotovelo.
  • Técnicas de mobilização articular são aplicadas para restaurar a amplitude de movimento, reduzir a rigidez e promover a cicatrização dos tecidos.
  • Técnicas de liberação miofascial são usadas para soltar aderências nos tecidos musculares e fasciais, reduzindo a tensão e melhorando a circulação sanguínea na área afetada.

5. Modalidades Fisioterapêuticas:

  • Modalidades terapêuticas, como ultrassom terapêutico, terapia por ondas e laserterapia, podem ser utilizadas para auxiliar na redução da dor, cicatrização tecidual e acelerar o processo de recuperação.
  • A escolha da modalidade terapêutica adequada depende da gravidade dos sintomas, da resposta do paciente ao tratamento e das condutas do fisioterapeuta.

6. Programa de Retorno às Atividades:

  • Um programa de retorno gradual às atividades é desenvolvido em colaboração com o paciente, ou seja, levando em consideração suas necessidades e metas.
  • O programa inclui progressão gradual das atividades laborais e esportivas, com ênfase na modificação de técnicas e posturas para evitar a recorrência dos sintomas.

Tempo de Recuperação

O tempo de recuperação da epicondilite varia de acordo com a gravidade da lesão, a eficácia do tratamento e a adesão do paciente às orientações terapêuticas. Em geral, a maioria dos pacientes tem uma melhora significativa dos sintomas dentro de algumas semanas a meses de tratamento adequado. No entanto, em casos mais graves ou crônicos, o processo de recuperação pode ser mais longo. Quando a dor é leve e só ocorre com atividades específicas, o tempo de recuperação é de 2 a 4 semanas. Quando o grau é moderado, ou seja, a dor é mais intensa e pode ocorrer com atividades diárias, o tempo de recuperação varia de 4 a 8 semanas. Em casos mais graves, onde a dor é intensa e constante, pode variar de 8 a 12 meses.

Existem várias coisas que você pode fazer para acelerar seu tempo de recuperação, incluindo:

  • Descanso do braço: Faça pausas e evite atividades que pioram a dor; 
  • Aplique gelo: Aplique gelo na área afetada por cerca de 20 minutos a cada duas horas para diminuir a inflamação;
  • Medicamentos para dor: Medicamentos anti inflamatórios podem ajudar a aliviar a dor;
  • Fisioterapia: Procure um fisioterapeuta, faça uma boa avaliação e siga suas orientações.

Como prevenir

Algumas orientações que você pode seguir para prevenir a epicondilite:

  • Evite movimentos repetitivos: Faça pausas frequentes ao realizar atividades que exigem o uso repetitivo do antebraço para prevenir o estresse excessivo nos tendões do cotovelo;
  • Aqueça antes de praticar exercícios: Mobilize o antebraço antes de iniciar qualquer atividade física. Realizar aquecimento antes de atividades físicas ou esportivas ajuda a preparar os músculos e tendões para o esforço, reduzindo o risco de lesões;
  • Use a técnica adequada: Certifique-se de usar a técnica adequada ao praticar esportes ou realizar outras atividades. Fazendo isso você irá reduzir a sobrecarga nos tendões do cotovelo;
  • Fortaleça os músculos do antebraço:  Fazer exercícios de fortalecimento dos músculos do antebraço, como flexores e extensores do punho, pode ajudar a fortalecer os tendões e reduzir o risco de sobrecarga;
  • Alongamento Regular: Praticar alongamentos dos músculos do antebraço regularmente ajuda a manter a flexibilidade dos tendões e prevenir a rigidez muscular.
  • Uso de Equipamentos Adequados: Utilize equipamentos esportivos adequados, como raquetes, tacos de golfe ou ferramentas de trabalho ergonomicamente projetadas;
  • Monitoramento dos Sintomas: Fique atento aos sinais e sintomas precoces de desconforto ou dor no cotovelo e procure tratamento imediato se os sintomas persistirem ou piorarem para prevenir o desenvolvimento de uma lesão mais grave.

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