Técnicas para corrigir a escoliose: 10 exercícios utilizados na fisioterapia

A escoliose é uma deformidade tridimensional da coluna vertebral caracterizada por desvios laterais (curvaturas) anormais. Esta condição pode afetar pessoas de todas as idades, mas é mais comum na adolescência, devido ao período de crescimento rápido. A curvatura da coluna vertebral na escoliose pode ocorrer em diferentes direções e graus de gravidade, variando desde curvas leves que não causam sintomas significativos até curvas graves que podem afetar a postura, a respiração e a função cardíaca. Por isso, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para gerenciar a progressão da escoliose e minimizar seus efeitos sobre a saúde e a qualidade de vida do paciente. Neste contexto, é importante entender suas causas, sintomas e opções de tratamento disponíveis, a fim de fornecer um cuidado eficaz e abrangente aos indivíduos afetados pela escoliose.

Anatomia da coluna vertebral

A coluna vertebral é composta por 33 vértebras: 7 cervicais, 12 torácicas, 5 lombares, 5 sacrais e 4 coccígeas. As vértebras se articulam entre si através de articulações facetarias e discos intervertebrais. Os músculos ligamentares e paravertebrais fornecem suporte e estabilidade à coluna vertebral. Na escoliose, a anatomia da coluna é significativamente afetada, resultando em desalinhamentos tridimensionais. Todas as regiões podem ser afetadas, incluindo a região cervical (pescoço), torácica (meio das costas) e lombar (parte inferior das costas), resultando em curvas laterais, rotacionais e em forma de “S” ou “C”. Além disso, a estrutura e a função dos tecidos circundantes, como músculos, ligamentos e discos intervertebrais, também podem ser afetadas devido ao desalinhamento da coluna. Isso pode levar a desequilíbrios musculares, dor crônica, comprometimento da mobilidade e da estabilidade da coluna vertebral.

Tipos de Escoliose

  • Escoliose idiopática: A causa da escoliose idiopática é desconhecida. É o tipo mais comum de escoliose, representando cerca de 80% dos casos.
  • Escoliose congênita: A escoliose congênita está presente no nascimento e é causada por anormalidades nas vértebras.
  • Escoliose neuromuscular: A escoliose neuromuscular é causada por doenças que afetam os músculos e os nervos, como paralisia cerebral e distrofia muscular.
  • Escoliose degenerativa: A escoliose degenerativa é causada pelo desgaste das articulações facetarias e dos discos intervertebrais.

Sinais e sintomas da escoliose

Os sinais e sintomas da escoliose podem variar dependendo da gravidade e localização da curvatura da coluna vertebral. Aqui estão alguns dos sinais e sintomas comuns associados à escoliose:

  • Assimetria Postural: Uma inclinação lateral anormal da coluna vertebral pode ser observada quando o paciente está em pé. Isso pode incluir um ombro mais alto do que o outro, uma omoplata mais proeminente do que a outra ou uma cintura assimétrica.
  • Assimetria das Costelas: À medida que a coluna vertebral se curva lateralmente, pode haver uma assimetria nas costelas, com uma caixa torácica saliente em um lado do corpo e menos proeminente do outro.
  • Desalinhamento da Linha Média: Em casos mais graves de escoliose, a linha média do tronco pode estar desalinhada em relação à pélvis, resultando em uma aparência torcida do tronco quando vista de frente ou de costas.
  • Rotação Vertebral: A curvatura da coluna vertebral pode levar a uma rotação das vértebras afetadas, o que pode ser visível ou palpável como uma protuberância ou saliência nas costas (giba).
  • Desconforto ou Dor: Alguns pacientes com escoliose podem experimentar desconforto ou dor nas costas, especialmente quando a curvatura é mais pronunciada ou quando há tensão muscular devido à tentativa de compensar a curvatura.
  • Dificuldade Respiratória: Em casos mais graves de escoliose que afetam a caixa torácica e comprimem os pulmões, os pacientes podem experimentar dificuldade respiratória ou falta de ar.
  • Desigualdade no Comprimento das Pernas: Em alguns casos, a escoliose pode levar a uma desigualdade aparente no comprimento das pernas devido à assimetria na pelve ou na coluna vertebral.

Graus de escoliose

Um outro meio de classificar a escoliose, é pela gravidade da curva, medida em graus. A medição geralmente é feita através de radiografias da coluna vertebral. Existem diferentes sistemas de classificação, mas um dos mais comuns é o Sistema de Classificação de Cobb, que avalia a magnitude da curva principal da escoliose, sendo:

  1. Escoliose Leve (10-25 graus): A escoliose leve é caracterizada por uma curvatura da coluna vertebral entre 10 e 25 graus.
  2. Escoliose Moderada (25-40 graus): A escoliose moderada é definida por uma curvatura da coluna vertebral entre 25 e 40 graus. Nesta fase, a curvatura pode começar a causar sintomas como dor nas costas ou desconforto.
  3. Escoliose Moderadamente Grave (40-50 graus): Caracterizada por uma curvatura da coluna vertebral entre 40 e 50 graus. Neste ponto, a curvatura pode ser mais visível e pode causar problemas respiratórios em casos mais graves.
  4. Escoliose Grave (mais de 50 graus): É definida por uma curvatura da coluna vertebral de mais de 50 graus. Neste estágio, a curvatura é mais visível e pode causar deformidades significativas no tronco, bem como complicações respiratórias e cardiovasculares.

Meios de identificar a escoliose

Fique de frente para um espelho ou tire uma foto mantendo a postura relaxada, e os pés na largura dos ombros. Observe então os seguintes pontos:

  1. Linha dos ombros: Observe se estão da mesma altura, ou se há um ombro mais alto do que o outro, além disso, repare se existe uma rotação, ou seja, se um ombro está mais a frente em relação ao outro.
  2. Espaço entre os braços e o tronco: Observe se há um espaço maior de um dos lados;
  3. Linha da cintura: Observe se há um lado maior do que o outro.
  4. Linha média do corpo: Imagine uma linha que divide o copo ao meio, desde a cabeça até os pés, agora repare se um dos lados está mais deslocado em relação ao outro.
  5. Teste de Adams: Tente tocar os pés com ambas as mãos, fazendo uma flexao do tronco sem dobrar os joelhos e peça para alguém observar se há uma elevação maior em um dos lados da coluna.

Planos anatômicos e padrões posturais

Os padrões posturais da escoliose podem ser caracterizados por diferentes eixos de rotação da coluna vertebral. Esses eixos representam as direções em que ocorrem as curvaturas da escoliose. Os principais eixos que formam os padrões posturais da escoliose são:

  • Sagital: Refere-se ao plano vertical que divide o corpo em partes direita e esquerda. Na escoliose, a curva pode ocorrer nesse plano, resultando em uma curvatura que se estende para frente ou para trás, conhecida como lordose ou cifose, promovendo o achatamento da coluna. A escoliose com curvatura no plano sagital pode estar associada a outras curvaturas no plano frontal, formando padrões tridimensionais mais complexos.
  • Frontal: Plano que divide o corpo em partes anterior e posterior. Na escoliose, a curva principal geralmente ocorre nesse plano, resultando em uma curvatura lateral. Ocorre os desvios da coluna, em S ou em C.
  • Transversal: Divide o corpo em partes superior e inferior. Em alguns casos, pode haver uma curva rotacional em torno deste eixo. Isso leva a uma torção da coluna vertebral, onde as vértebras giram umas em relação às outras, contribuindo para a aparência tridimensional da curva.

10 exercícios para escoliose

  1. Flexão Lateral

Alinhe os ombros e Incline o tronco para o lado, contra a curvatura, levando também o braço. Mantenha por 20 segundos e retorne à posição inicial. Repita 3 vezes.

2.  Postura da Criança

Comece sentado sobre os calcanhares, com os joelhos afastados na largura dos quadris e os dedos dos pés apontando para trás. Lentamente, incline o tronco para a frente, estendendo os braços. Encoste a testa suavemente no chão. Se não for possível alcançar o chão, você pode apoiar a testa em uma almofada ou cobertor dobrado. Respire profundamente e permita que o corpo relaxe na posição. Mantenha a posição por 20 ou 30 segundos. Repita 3 vezes.

3. Aviãozinho

Incline o tronco para a frente, mantendo as costas retas e os braços estendidos, formando um “T”. Levante uma perna para trás, mantendo-a reta e o tronco alinhado. Mantenha a posição por alguns segundos e retorne à posição inicial. Depois faça o mesmo movimento para o outro lado. Repita 3 vezes.

4. Prancha Lateral

Comece deitado de lado com o antebraço no chão e o corpo apoiado sobre o antebraço e o pé. Levante os quadris do chão e estenda o braço, mantendo o corpo em linha reta dos ombros aos pés. Mantenha a posição por 20-30 segundos. Repita 3 vezes.

5. Perdigueiro

Em posição de quatro apoios com os joelhos e mãos apoiados no chão, mantenha o tronco estável enquanto levanta um braço e a perna oposta, estendendo-os para fora. Contraia o abdômen e mantenha por alguns segundos e retorne à posição inicial. Repita 3 vezes.

6. Alongamento Lateral

Comece na posição de quatro apoios. Coloque o braço do lado afetado à frente da mão oposta, descendo o tronco, alongando toda a musculatura que está tensa. Mantenha a posição por 20 segundos. Repita 3 vezes.

7. Rã Deitada

Deite de costas com os joelhos dobrados e os pés afastados na largura dos quadris. Deixe os joelhos caírem suavemente para os lados, mantendo os pés juntos ou se conseguir cruze-os na altura do quadril, como na foto. Corrija a postura, alinhe os ombros, se concentre na respiração e relaxe o corpo. Mantenha a posição por alguns segundos e retorne à posição inicial.

8. Abraçar as Pernas

eite de costas com os joelhos dobrados e os pés apoiados no chão. Abrace os joelhos em direção ao peito, envolvendo os braços ao redor das pernas. Mantenha a posição por alguns segundos e depois retorne à posição inicial.

9. Postura de Crescimento

Se posicione sentado, em frente a um espelho e apoie ambas as mãos na coxa. Faça o movimento de crescimento da coluna (para cima), alinhe-se e corrija a postura, observando o tronco e os ombros, faça isso por 20 segundos. Repita três vezes.

10. Consciência Corporal

Sente-se em frente a um espelho, estenda as pernas, junte e alinhe os pés. Estenda os braços acima da cabeça e junte também as mãos, alinhando os ombros e a postura. Faça novamente o movimento de crescer a coluna, sentindo um espaço sendo liberado entre ela. Faça por 20 segundos. Repita três vezes.

Obs: Lembre-se de realizar cada exercício com controle e dentro dos limites de conforto. Se houver dor ou desconforto, pare imediatamente e consulte um fisioterapeuta ou profissional de saúde qualificado. Além disso, adapte os exercícios conforme necessário para atender às suas necessidades individuais.

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